Lisboa Judaica - 2ª edição!

Memória e presença
2016-03-06 (Domingo)

 



 

Esgotado!

Nesta atividade iremos percorrer cerca de mil anos da história dos judeus em Portugal e, em particular, em Lisboa.

Uma história muito rica e atribulada que se inicia antes da fundação da nacionalidade e prossegue até ao final do séc. XV com o que se pode considerar uma era de convivência. Durante este período a população judaica espalhada pelo país organizou-se em comunas e vivia em bairros próprios, as judiarias.As comunas estavam submetidas ao poder real, a quem pagavam pesados impostos em troca dos quais beneficiavam da sua proteção. Lado a lado com a maioria cristã, os judeus contribuíram para o desenvolvimento do país, como artesãos, médicos, matemáticos, cartógrafos, astrólogos, astrónomos e financeiros.

Esta era foi interrompida com o édito de expulsão de Dezembro de 1496, logo seguido das medidas deconversão forçada em 1497, e da introdução da Inquisição em 1536. Os 300 anos que decorrem entre o séc. XVI e o séc. XIX são anos de perseguições e intolerância religiosas que põem fim ao judaísmo legal no país, destruindo as sinagogas, escolas e livros, e apagando as marcas da sua presença na vida e na memória dos portugueses.

É só no início do séc. XIX, com a extinção do Tribunal da Inquisição em 1821, que se começa a verificar o retorno de alguns judeus, em particular de Marrocos e Gibraltar, a Portugal. São esses judeus, aos quais se vêm juntar, no séc. XX, refugiados das I e II Guerra Mundial, que constituem a atualComunidade Israelita de Lisboa (CIL).  

Assim, iremos começar a nossa atividade com uma visita à Sinagoga Shaaré Tikvá (As Portas da Esperança), centro da vida religiosa e comunitária dos judeus de Lisboa. Esta sinagoga, edificada em 1904, é a primeira construída de raiz desde a época da Expulsão. O projeto é do arquiteto Ventura Terra, inspirado na sinagoga portuguesa de Amesterdão, edificada em 1675 por judeus exilados da Península Ibérica.

Continuamos pela Rua da Escola Politécnica e, de passagem, espreitamos a Rua do Monte Olivete, atual sede administrativa da CILe a Travessa do Noronha onde, durante a II Guerra Mundial, funcionou a‘Cozinha Económica’ que serviu refeições e deu apoio a milhares de judeus refugiados que passaram por Portugal.  

Prosseguimos o nosso percurso até ao Largo do Carmo em cujas imediações se situou, até 1314, a chamada judiaria da Pedreira, extinta pelo rei D. Dinis. No Museu Arqueológico do Carmo existem 3 lápides em hebraico, duas de Espiche (Lagos) e uma da sinagoga de Monchique (Porto) datadas por Samuel Schwarz dos sécs. VI- VII. 

Descemos em seguida pela Rua Nova do Almada até à Rua de S. Julião onde se situava a judiaria das Taracenas, que já existia em 1315, visto que D. Dinis se refere ‘aos judeus que moram e lavram na judiaria nova das minhas taracenas’. A caminho da Praça do Município situa-se o ‘Museu do Dinheiro’, instalado na antiga Igreja de S. Julião, e pertença do Banco de Portugal. Aí se pode ver um troço damuralha de D. Dinis, descoberto durante as obras de restauro do edifício.    

Continuamos para o que foi a judiaria velha ou grande, provavelmente a maior e a mais antiga. Estava limitada a norte pela Igreja de S. Nicolau, a oeste pela Rua dos Correeiros, a leste pela Igreja da Madalena, e a sul pela Rua do Poço da Fotea. Era atravessada por uma artéria principal, a Rua dos Mercadores, que ia desembocar na sinagoga, onde também funcionava o Beth-Din, o tribunal judaico. A sinagoga construída em 1307, pelo Rabi Iahuda Ben Guedalia, que foi ministro da fazenda de D. Dinis, situava-se no que é hoje a Rua dos Fanqueiros, aproximadamente a meia distância das atuais ruas de S. Nicolau e da Conceição.

Seguimos para a Judiaria de Alfama, provavelmente fundada no reinado D. Afonso IV (1325-1357). Vindos do Terreiro do Trigo entramos pelo Arco do Rosário e, à direita, estende-se a Rua da Judiaria. Em frente à Rua da Judiaria e do Largo de S. Rafael, no nº 8 do Beco das Barrelas, situava-se a antiga sinagoga, construída em 1373/1374 por Samuel Rico.  

Continuamos pela Rua de S. João da Praça, Cruzes da Sé, passamos pela Sé de Lisboa, Igreja de Sto António, da Madalena, e seguimos em direção ao Largo de S. Domingos. Aqui, no que foi o Convento de S. Domingos, teve lugar na Páscoa de 1506 o chamado massacre de 1506. Entre os dias 19 e 21 de abril foram perseguidos e massacrados milhares de judeus recentemente convertidos à força, por uma multidão encorajada por padres dominicanos. No Largo de S. Domingos foram inaugurados, em abril de 2008, dois monumentos evocativos do massacre, um judaico e outro cristão.

 

A nossa atividade termina frente ao Teatro Nacional D. Maria II, local antes ocupado pelo Paço dos Estaus, construído em 1449 pelo regente D. Pedro, e onde funcionou o Tribunal da Inquisição.

 

Ponto de encontro: Às 9h15 no ‘Café Pérola do Rato’  (Rua Alexandre Herculano, 70-76), mesmo em frente da sinagoga. A actividade termina pelas 16h00

O preço inclui a entrada e a visita à sinagoga e aos espaços onde se situavam as judiarias, guiada por um historiador, a documentação e o seguro. Inscrições limitadas

Nota: Para entrar na sinagoga, os homens têm de cobrir a cabeça, normalmente com um solidéu, que nos é distribuído à entrada.