Rotas de Cister - Odivelas

2004-11-07 (Domingo)

Raízes de um novo Concelho

7 de Novembro - Domingo - 1 bota.

Eis mais uma actividade dedicada a Cister, desta feita, S. Dinis de Odivelas serve de pretexto para convidarmos os companheiros a (re)encontrar o património arquitectónico, cultural e paisagístico do concelho de Odivelas – jovem mas de estrutura antiga e rica – e que inclui boa parte da zona saloia.

"Ide vê-las senhor..." eis a lenda criadora do nome de Odivelas, palavras ditas pela rainha santa ao senhor seu marido, numa espera nocturna no Lumiar, quando o rei tencionava divertir-se a fazer correr umas barregãs nos arredores de Lisboa. Os filólogos têm, porém, outra explicação: Ouad + Velas, a 1ª de origem árabe significa curso de água e a 2ª como referência aos inúmeros moinhos existentes (60 unidades referenciadas hoje em completo estado de degradação e abandono); uma explicação
que aponta para a realidade da riqueza aquífera e fertilidade do solo. A contínua ocupação humana do território demonstrada pelos vestígios arqueológicos: neolítico, calcolítico, romanos e árabes confirmam aquele território como uma zona fértil e agradável para viver.

Um passo importante no desenvolvimento da região é dado quando D. Dinis elege Odivelas como zona de recreio e aí constrói um paço e convento; o abastecimento e a falta de água numa Lisboa em crescimento acelerado fazem proliferar as quintas e os planos para aproveitamento do complexo aquífero de Belas-Carenque-Caneças, do qual o aqueduto das águas livres se irá abastecer; faz parte da nossa memória a fama da qualidade das águas das fontes de Caneças que nos anos 30 e 40 ia à mesa dos mais abastados, os piqueniques na zona saloia, as lavadeiras, etc...

Não se iludam, no entanto, os companheiros, a ‘Aldeia da Roupa Branca’ já era; desde 1974, 85 bairros clandestinos enxamearam os actuais concelhos de Loures e Odivelas, a rica charneca ou está abandonada ou urbanizada, pouco mais resta que as memórias das ricas quintas abastecedoras de Lisboa, e a fama das águas de Caneças. É esse pouco que resta e que os poderes públicos tentam agora preservar e rentabilizar que esta actividade pretende mostrar aos companheiros participantes.

Começaremos a nossa actividade no Olival do Santíssimo, o mais importante sistema subsidiário de captação de água, construído na 2ª metade do séc. XVIII para reforço dos caudais originais do aqueduto das Águas Livres, a saber, as fontes de Carenque e a ribeira das Águas Livres, o qual podemos admirar do alto da Serra da Helena. De seguida rumaremos a Caneças para observar a linha de mães d’água que originaram as famosas fontes, visitando a fonte das Fontaínhas.

A seguir vamo-nos deslocar ao Casal-Novo para ver o núcleo da Anta das Pedras Grandes e aí iniciaremos o nosso percurso mais extenso: começamos por atravessar o que resta de charneca em direcção à ponte da Bica, com umas belas vistas sobre o vale da Ribeira de Caneças, a serra da Amoreira e como pano de fundo o mar de palha e todo o casario oriental de Lisboa que desce até ao rio. De seguida atacaremos a B i c a, ponto mais alto da S. da Amoreira, e seguiremos em direcção ao marco da Agonia, quase em Loures, passando pela estação arqueológica da S. da Amoreira e sempre com um belo panorama quer para o Tejo, quer para a região saloia.

Após o almoço, a tarde será preenchida com a visita ao convento de S. Dinis a qual terminará com um concerto de música coral. Para tal, tivemos os amáveis concursos de uma ilustre estudiosa do património concelhio, D. Máxima Vaz, que nos ilustrará a visita e do Grupo Vocal Dezstacatto que abrilhantará o final da actividade.

Ex-libris do concelho, o convento foi mandado construir por D. Dinis por devoção e em sufrágio das almas dos fundadores e seus familiares e onde o maravilhoso tem lugar: numa caçada nos arredores de Beja, o rei, tendo sido atacado por um urso consegue por intervenção de um santo matá-lo, e logo faz voto de construção de um mosteiro o qual entrega às monjas cistercienses em 1305. Do edifício primitivo subsiste ainda, com especial relevo, a igreja, o refeitório com os seus famosos painéis de azulejo do séc. XVII e os claustros.

Características do percurso:

O percurso pedestre em si não ultrapassa os 8/9 km de extensão e nele estão incluídos: percurso em malha urbana, estradão, charneca com mato rasteiro e exposta às intempéries e algum corta-mato. Dois pequenos desníveis dignos de menção, a descida para a ponte da Bica e o acesso ao topo da Serra da Amoreira, para o qual o autocarro nos deixará a uma cota mais acessível.

Recomendações: Apesar das facilidades é melhor não esquecer as botas em casa. Lembramos também que estaremos em Novembro e que os descampados são muito batidos pelo vento.
Levar farnel.

Cartografia: Folhas 416 e 417 da Carta Militar de Portugal na escala de 1/25000 do IGE.

Partida: Às 8h00 de Algés e às 8h15 de Sete Rios.

Participação em viatura própria: Dadas as características da actividade não é possível a participação em viatura própria.