Os chafarizes de Lisboa II

A água como protagonista e o rio Tejo, muito apropriadamente, como pano de fundo
2015-06-10 (Quarta-feira)








Os chafarizes, a simpatia e o saber do Paulo Lapão encantaram os participantes.

Ficamos à espera dos Chafarizes III...

E como o saber não ocupa lugar, aqui fica uma descrição dos chafarizes visitados, num trabalho do Paulo Lapão:

Chafariz do Rato – Séc. 18 e projecto de Carlos
Mardel e Manuel Caetano de Sousa

Este foi o primeiro chafariz a ser construído, integrado nos planos do Aqueduto das Águas
Livres, e era alimentado por encanamento especial que saía directamente da Mãe de Água das Amoreiras.

Está
encostado ao muro do Palácio dos Duques de Palmela, e em Agosto de
1754, a azáfama
das gentes locais e dos carros para transporte de água era tão grande,
que saiu um decreto real que proibia os carreiros de se abastecerem de
água do chafariz, durante o dia, para regas e obras.

No séc. XX com a reforma do largo, que era de menores dimensões, o chafariz perdeu o seu
aspecto cénico e diluiu-se como equipamento urbano.


Chafariz da Rua do Arco a São Mamede
Séc. 18 e projecto de Honorato Macedo e Sá

Chafariz
bastante simples, tendo a mesma finalidade do Chafariz do Monte
Olivete, construído,
inicialmente, junto ao Arco de São Bento, destinando-se a substituir
alguns chafarizes principais em caso de necessidade de limpeza,
recebendo a água a partir do ramal do Loreto. Apresenta dois tanques,
sendo o único caso registado, surgindo, normalmente,
um tanque único, rematado por cornija em cortina no remate, o único
caso conhecido desta tipologia em Lisboa. O elemento almofadado é ténue,
reconhecendo-se pelo seu recortado, sem qualquer decoração, exceptuando
um elemento esférico existente na base. Segue
a tipologia de chafariz de espaldar.


Chafariz da Praça das Flores ou do Monte Olivete

Construído
junto ao Arco da Rua de S. Bento (já demolido e reconstruído na Praça
de Espanha),
respondendo a uma ordem da Direcção das Águas Livres de 12 de Junho de
1805, manteve-se nesse local até 1838, altura em que foi transferido
para o início da Rua do Monte Olivete, junto à Praça das Flores.
Chafariz de planta poligonal, baixo, que não é de encosto,
caracterizado pela sua simplicidade, sobriedade e alguma
monumentalidade evidenciada pelo seu ritmo ondulante, traduzido num
equilíbrio e simetria entre uma sucessão de concavidades, cujas esquinas
surgem rematadas por pilastras com capitéis neoclássicos,
coroados por pináculos decorativos, que se assemelham a urnas ou
pinhas. Destaca-se, na frente principal do chafariz, um painel elegante,
com moldura recortada, brasonado com as armas reais de Setecentos,
rematado por um frontão em arco quebrado, semelhante
a uma chaveta, e ladeado por 2 das pilastras já referidas, apresentando
uma bacia de recepção de águas, ampla, que percorre toda a base
frontal.


Chafariz do Século
Séc 18 e projecto de Carlos Mardel

Outrora chamado Chafariz da Rua Formosa localiza-se numa praça em meia-laranja, em
frente à casa onde nasceu o futuro Marquês de Pombal.

É construído em calcário amarelo e ostenta três bicas em forma de carrancas em bronze.
Tem uma pequena escadaria de cinco degraus. Trata-se de um exemplar neo-clássico e começou a funcionar em 1762.


Chafariz da Esperança
– Séc. 18 e projecto de Carlos Mardel

Este
imponente chafariz está em Santos-o-Velho. O Senado da Câmara de Lisboa
adquiriu uma
porção de terreno que pertencia ao convento franciscano de Nossa
Senhora da Esperança, e aí construiu este chafariz. Era abastecido por
meio de uma galeria que vinha directamente do reservatório das
Amoreiras.

Foi
projectado por Carlos Mardel em estilo barroco, e as suas obras foram
concluídas em
1768 sendo dos primeiros a ser construído depois do grande terramoto.
Tem dois pisos, sendo a parte inferior com três bicas em forma de
carrancas para os animais, e a parte superior (o acesso faz-se por
degraus laterais) com outras duas em bronze para o povo.


Chafariz das Janelas Verdes – Séc. 18 e projecto
de Manuel Reinaldo dos Santos

Virado
para uma das entradas do museu nacional de arte antiga, este chafariz
barroco em
mármore foi edificado em 1755. Tem dois tanques para o uso de animais e
um tanque circular no nível superior para o povo. No topo do pedestal
encontra-se uma escultura representando
vénus, ladeada por uma figura dum cupido (o menino) e por um golfinho.


Chafariz do Largo das Necessidades

Foi
mandado construir por D. João V em honra da Virgem Maria, sendo lançada
a sua primeira pedra em 1747. É um obelisco em mármore encimado por uma
custódia de espinhos
e uma cruz em bronze. Assenta num lago quadrilobado decorado com
golfinhos em pedra lióz. Teria sido inicialmente concebido como uma
fonte decorativa por
Caetano Tomás de Sousa, entre 1745 e 1750,
saindo a água pelos golfinhos, mas depois foi adaptado, entre 1772 e
1792, para chafariz e a água passou a sair pelas carrancas. Os sobejos
deste chafariz
iam para os mosteiros do Sacramento e do Livramento.


Chafariz da Praça da Armada – Séc. 19 e projecto de Alexandre Gomes

Este
chafariz substítuiu um antigo bebedouro para cavalos. Construído em
1845, fica próximo do Palácio
das Necessidades, sendo alimentado a partir do reservatório aí
existente. As bicas em forma de carranca foram provenientes do material
não utilizado do chafariz do Campo de Santana.

Inclui
dois tanques para gado e quatro bicas para o povo no nível superior. No
topo vê-se
uma estátua de Neptuno, retirada do chafariz do Campo Grande,
entretanto demolido, com um tridente de bronze na mão (entretanto
roubado).


*1 - a Praça da Armada foi denominada Largo de Alcântara, Praça de Armas e da Marinha, e vulgarmente Largo dos Marinheiros; não
oficialmente, era conhecido por Praça do Baluarte
 

Entretanto, vejam o álbum do José Veloso  em https://picasaweb.google.com/109711780287214819450/ChafarizesDeLisboaII10JUN2015?authkey=Gv1sRgCObXrsTalNb0pAE#








"A água é, se
virdes, o mais poderoso elemento da Natureza, porque se confrontada com o Fogo,
o apaga; se arrojada à Terra, a devora; e se transformada em nuvens, o Ar
domina. O transparente líquido sempre foi, é e será a raiz da vida de um povo -
ou de morte, na sua ausência. Se os livros consultarem, vereis que à conta da
falta de água conseguiu o pai da Nação, El-Rei D. Afonso Henriques, conquistar
Lisboa aos mouros." Francisco d´Ollanda

 

A água
teve um papel particularmente importante na história de Lisboa.
Não só porque o rio
Tejo foi um motor fundamental na sua génese e crescimento, mas também
porque este bem essencial modelou, em grande escala, a sua evolução,
principalmente pela escassez que muitas vezes se fez sentir. Ao passearmos por Lisboa encontramos, a
cada passo, os pontos de água mais monumentais ou mais modestos
, desde as
grandes fontes barrocas ao simples chafariz oitocentista, pouco mais do que uma
coluna de onde jorrava a água por uma torneira.  

 

Por vezes, estes
chafarizes são apenas lembranças mortas de uma época em que a água corria por
eles para dessedentar a cidade. Daí a
importância crucial que fontes e chafarizes desempenharam no
desenvolvimento da capital
, dado que permitiram o acesso da população
a água potável com um mínimo de condições de salubridade. O desempenho desta
função vital tornou-os numa importante referência na imagem e identidade de
Lisboa.

Desta vez iremos
conhecer os chafarizes que permitiram a chegada do precioso líquido aos
habitantes da parte sudoeste da capital, num percurso repleto de história e que
nos vai levar da colina de São Roque até
à Praça da Armada.  

A água como
protagonista e o rio Tejo, muito apropriadamente, como pano de fundo.

Local de encontro: Jardim do Príncipe Real às 14h00.

A inscrição é no local
da actividade (6,00€) e inclui o seguro.

Grátis para jovens até 21 anos.  

Início da actividade
14h30 (duração - cerca de 3 horas e meia).

Observações: Levar passe / bilhetes pré comprados / dinheiro trocado
(poderemos incluir uma ligação de autocarro, se o horário nos permitir, para
visitarmos o chafariz da Junqueira).