Foi uma bela actividade!
O "Caminho do Mediterrâneo" e as suas gentes receberam-nos com grande simpatia!
Já há fotos:
Vejam os álbuns do José Veloso organizados pelos dias de actividade:
8º dia desfile final - https://picasaweb.google.com/109711780287214819450/ITALIA20130525DesfileDeVillamareASapri?authkey=Gv1sRgCJfuo-n2742RowE#
O que é o Mediterrâneo?
Segundo Achille Braudel, um dos seus mais marcantes historiadores, mil coisas ao mesmo tempo. Não é um mar, mas uma sucessão de mares. Não é uma paisagem, mas inúmeras paisagens. Não é uma civilização, mas uma sobreposição de civilizações amontoadas umas sobre as outras.
Bordejada por três continentes, esta vasta massa de água quase circunscrita, de recorte caprichoso e clima ameno, proporcionou condições geográficas ideais para a formação de uma amálgama complexa de elementos culturais, fluindo de uma costa para outra numa dinâmica permanente, ao ritmo das sucessivas civilizações que nasceram, floresceram e desvaneceram nas suas margens, ou simplesmente nelas deixaram rasto – egípcia, minóica, judaica, fenícia, espartana, grega, etrusca, macedónica, cartaginesa, romana, bizantina, bárbara, cristã, mourisca, árabe, normanda, eslava, otomana,....
A riqueza e importância histórica do respectivo legado patrimonial não conhecem paralelo, quer em termos materiais quer, e talvez sobretudo, na mais subtil esfera do imaterial.
Não faltaram pois argumentos à Federação Europeia de Pedestrianismo (ERA) para validar a sua iniciativa de levar a cabo a marcação de um novo trilho de grande distância ao longo deste território, completando dessa forma a sua excelente rede de rotas pedestres transcontinentais (itinerários E). Nem espanta que essa ideia tenha alcançado excepcional eco junto das autoridades políticas envolvidas, o que permitiu reunir meios financeiros nunca antes vistos no nosso desporto (literalmente milhões…), em grande parte provenientes de fundos comunitários.
Nasceu assim, em tempo imbatível, o trilho E12 – designado por Arco do Mediterrâneo. São praticamente 4000km de percurso marcado a ligar a fronteira algero-marroquina à Calábria, percorrendo todo o litoral europeu da metade ocidental do Mare Nostrum!
Para celebrar uma façanha desta envergadura e simultaneamente divulgar o novo percurso, a ERA decidiu organizar um encontro internacional de praticantes num sector do sul de Itália. Este vai decorrer no final de Maio, de forma a conciliar amenidade climatérica com época turística baixa.
O CAAL, na sua condição de primeiro sócio português da ERA e frequentador assíduo das suas iniciativas, não podia deixar de se associar a este evento, consciente também que este tipo de actividades, por assentarem no conhecimento do terreno detido pelos voluntários locais e em apoios oficiais robustos, tendem a proporcionar uma relação qualidade/preço aliciante.
Parque Nacional do Cilento (Património da Humanidade)
Situado no litoral do Mar Tirreno, no extremo meridional da Campânia, umas 2 horas a sul de Nápoles, o Parco Nazionale del Cilento, Vallo di Diano e Alburni foi criado em 1991 com o propósito de proteger da especulação imobiliária e do turismo industrial uma magnífica e bem preservada parcela da costa italiana, evitando assim que esta tivesse o mesmo destino de uma área vizinha famosa, localizada um pouco mais a norte – a massificada Costa Amalfitana.
O reconhecimento do valor inestimável do seu património natural e cultural levou a que, em 1998, a UNESCO o inscrevesse como Património Mundial da Humanidade na categoria de paisagem cultural. Abrange hoje um território mais vasto (181.048 hectares; o segundo maior dos parques italianos), que inclui não só a maior parte da costa do Cabo Palinuro e do Golfo de Policastro como também significativos e pouco humanizados montes costeiros dos Apeninos, como o Alburni, o Cervati ou o Gelbinson.
Terra de encontros por excelência – entre a montanha e o mar; o norte e o sul; o ocidente e o oriente – o Cilento é fruto de uma milenar interacção harmoniosa entre o homem e a natureza. No seu espaço, cujas referências escritas remontam aos mitos greco-latinos de Eneias ou à morada da sereia Leucosia dos textos de Estrabão, preservam-se notáveis patrimónios construídos, quer por civilizações autóctones (Roccagloriosa), quer por colónias helénicas posteriormente romanizadas, como Poseidonia/Paestum, famosa pelos seus magníficos templos, ou Elea/Velia, berço da filosofia europeia, pátria de Parménides e de Zenão.
Na nossa actividade iremos alternar percursos pedestres costeiros ao longo de troços do E12 - num contexto de falésias calcárias, águas cristalinas, pequenas praias desertas e baixa dificuldade - com percursos no interior predominantemente cársico do parque, de dificuldade mais variável, de encontro a algumas das suas principais atracções naturais. Os percursos de autocarro serão por vezes lentos e sinuosos, mas proporcionarão panoramas grandiosos.
Uma actividade da ERA
Esta é uma actividade que vai decorrer no âmbito da ERA (European Rambler’s Association), pelo que podemos contar com o conhecido padrão geral que caracteriza as suas iniciativas.
Para quem não saiba, lembramos que neste contexto o nosso estatuto é de hóspede, pelo que a organização do CAAL não domina os detalhes do programa e a sua capacidade de intervenção no terreno é limitada. Logo, o nível da actividade depende em boa parte da hospitalidade encontrada, a qual tanto pode ser magnífica (ex. Holanda 2005) como deixar algo a desejar (ex. Estónia 2007). Neste caso, joga a nosso favor o facto de o anfitrião ser de novo a FIE (Federazioni Italiana di Excursionismo), que tão bem nos acolheu em 2010 na Umbria.
Note-se ainda que, dadas as características específicas deste encontro, dois dos percursos pedestres não serão tão fáceis como a norma das actividades da ERA. Haverá pois muita natureza e trilhos para descobrir, sem prejuízo da forte componente cultural e do bom padrão de conforto que associamos a estas organizações.
Programa indicativo
Sábado, 18 – Voo matinal da TAP com destino a Roma. Viagem em autocarro para a região de Nápoles. De caminho faremos um pequeno desvio para visitar a catedral de Anagni. Importante burgo medieval, terra de residência de quatro papas e cenário de um famoso insulto papal (mais precisamente uns quantos bofetões didácticos na figura de Bonifácio VIII…), Anagni alberga uma preciosidade pouco divulgada. Trata-se da cripta da sua catedral (no resto pouco interessante), inteiramente coberta de belos frescos românicos bizantinos do início do século XIII (num total de 540m²!), em notável estado de conservação, e mantendo um raríssimo pavimento decorativo original. Há quem lhe chame a Capela Sistina do medievo…
Domingo, 19 – Nápoles e Caserta – Não poderíamos passar ao lado destas cidades e seguir em frente, ignorando por completo a sua enorme riqueza patrimonial. Deste modo vamos dedicar um dia a visitar o mais essencial, numa lógica de ‘serviços mínimos’ sempre de difícil escolha, pois de outra forma teríamos programa para a viagem inteira… Note-se com clareza que, independentemente do património, estaremos em Nápoles. Que ninguém espere organização, manutenção ou funcionalidade modelares!...
Assim sendo visitaremos o fabuloso Museu Arqueológico Nacional, que alberga as peças provenientes das escavações de Pompeia e Herculano, bem como a colecção de arte clássica dos papas da família Farnese. É sem dúvida o melhor museu arqueológico de Itália e um dos mais ricos do mundo, sendo ainda um complemento obrigatório das nossas visitas a Pompeia e a Paestum. Possui peças icónicas como a Vénus Calipígia ou os frescos do templo de Ísis, para não falar da colecção de arte (no mínimo) erótica do seu célebre Gabinette secreto, que só neste milénio foi aberta ao público em geral…
Em Nápoles visitaremos ainda Sansevero, a capela palaciana de um príncipe com ideias vanguardistas, considerada o mais importante património construído da cidade, por albergar uma ímpar colecção de escultura religiosa da segunda metade do séc. XVIII. Contém peças idiossincráticas, como o famoso Cristo no sudário, mas vale sobretudo pelo seu todo, o mais representativo, a nível mundial, do estilo barroco tardio (o qual, por definição, não é para todas as sensibilidades…).
De tarde rumaremos a Caserta para visitar o desmesurado Palácio Real, outro canto do cisne da espectacular arte barroca. Mandado construir pelo rei Carlos VII, o último (e algo fora de prazo…) dos monarcas absolutos iluminados, foi desenhado pelo genial arquitecto Vanvitelli. À imagem de Versailles, mas sempre maior em escala, a Reggia de Caserta pretendia juntar num só edifício colossal o rei, a corte e o governo, sendo estruturada como uma pequena cidade. São 1200 salas, 40 das quais de aparato, quase 200.000m² de área coberta e 120 hectares de belos parques. Uma tarde preenchida…
Perto do final do dia, conclusão da viagem rumo às terras do Cilento.
Segunda, dia 20 – Percurso pedestre no E12 de Ciolandrea de S.Giovanni a Piro (cota 520m) até à praia del Marcellino. Este itinerário de meio-dia atravessa um dos mais interessantes troços do litoral do Tirreno, a Costa de la Masseta, classificada como ZPE. O regresso será feito por barco, até ao típico porto piscatório de Scario. De tarde exploraremos o pequeno canyon de Morigerati, escavado pelo rio Bussento quando ressurge do maciço rochoso após um percurso subterrâneo. É também uma zona de protecção especial, visando preservar os valores da hidrologia, fauna e flora locais, e neste caso integrando a rede de áreas sensíveis italianas geridas pelo World Wildlife Fund, genericamente conhecidas pela designação de Oásis WWF. Faremos um belo pequeno percurso pedestre à beira da água cristalina, até à gruta da exsurgência (nascente).
Terça, dia 21 – Percurso pedestre panorâmico no maciço do Monte Cervati, a partir da aldeia de Sanza, e visando descobrir um dos mais interessantes fenómenos cársicos do parque - o bem pouco conhecido Affondatore de Vallivona, um algar com cem metros de altura a cujo interior é possível aceder por um túnel escavado na base! Será o percurso mais exigente da viagem, com uma duração prevista de 6 horas e desnível acumulado de 700m, com gradiente e terreno sem dificuldades de maior.
Quarta, dia 22 – Percurso pedestre no E12 de Marina di Camerota a Porto Infreschi. Este itinerário de meio-dia começa na praia di Lentiscelle, tocando nas baías di Pozzallo e Bianca, para penetrar no mato mediterrânico e terminar num belo porto natural. A tarde será dedicada a Roccagloriosa, povoado altaneiro de ciclópicas muralhas da civilização Lucana, contemporânea e futura conquistadora das grandes cidades helénicas do litoral (séc. VI e V AC), e conhecida pelos seus característicos túmulos de câmara. Pequeno percurso pedestre de Castel Ruggero até à zona arqueológica. Visita do pequeno mas notável museu do espólio das escavações tumulares.
Neste dia está previsto um jantar de convívio com todos os participantes no encontro.
Quinta, dia 23 – Neste dia vamos realizar um percurso com tradição religiosa imemorial: a subida ao santuário da Madonna del Monte, localizado no topo do sagrado Monte Gelbinson (1705m), o maior cume costeiro do parque. Outrora dedicado ao culto de Hera, o Gebel el Son (o monte do ídolo, em árabe), foi cristianizado à força e é hoje exaustivamente ocupado por um santuário do qual se avista todo o litoral oeste do Cilento. Percorreremos a velha calçada dos peregrinos desde o Vallone del Sacrato até ao topo, uma penitência com 700m de desnível, recompensada no final com um panorama esmagador…
De tarde visitaremos Paestum, o mais notável conjunto arqueológico de toda a Magna Graecia (o conjunto de cidades/colónia mercantis estabelecidas ao longo do litoral mediterrânico no auge da civilização helénica). Só por si, os templos de Poseídon e de Athena dispensam qualquer apresentação, mas a cidade, que teve o seu apogeu por volta de 475AC, ocupa um total de 120 hectares. A sua maior preciosidade artística é contudo o túmulo do mergulhador (Tomba del tuffatore), cujos 5 frescos, com destaque para a enigmática cena da laje de cobertura, são ‘apenas’ os únicos exemplares conhecidos de pintura helénica clássica com representações humanas.
Sexta, dia 24 – Este dia será dedicado a duas atracções de topo, conhecidas em todo o mundo e incontornáveis em qualquer viagem à Campânia, mau grado a inerente massificação turística – o Vesúvio e Pompeia. É redundante alongarmo-nos sobre estes dois nomes, para sempre interligados pela erupção do ano 79 – sem dúvida o episódio vulcânico mais famoso da História. Basta dizer que faremos o circuito normal da visita ao vulcão, que prevê uma aproximação pedestre à cratera, e que em Pompeia a nossa visita será guiada. Os trajectos de autocarro serão longos.
Sábado, dia 25 – Para o último dia a organização do evento prevê uma pequena marcha conjunta com todos os demais participantes no evento, partindo da aldeia piscatória de Villamare, seguindo pela praia e paredão marginal até Sapri, e que se transformará numa espécie de desfile urbano (onde é que eu já vi isto?) até ao estádio da pequena cidade.
Haverá cerimónia oficial de encerramento e espectáculo folclórico. Provavelmente neste dia teremos assim oportunidade de visitar as ruínas de Elea, situadas a distância pedonal do nosso hotel. Cidade de filósofos desde a primeira hora (o errante Xenófanes terá sido um dos seus fundadores), a sua escola de pensamento, liderada por Parménides, foi fundamental (quanto mais não seja por exclusão de partes…) para a história da filosofia ocidental. O elemento mais notável do vasto campo arqueológico é a Porta Rosa, o único arco helénico de volta redonda que chegou até aos nossos dias.
Domingo, dia 26 – Saída matinal do hotel e longo trajecto de autocarro directo ao aeroporto de Roma. Voo TAP de regresso a Lisboa. Chegada ao final da tarde.
Alojamento e Alimentação
Uma noite (a primeira) no Novotel (www.novotel.com), um recente hotel de 4 estrelas junto à saída de Caserta da auto-estrada A1. Sete noites no Hotel Magicomar (www.magicomar.it) em Marina di Ascea, uma das maiores estâncias balneares do Cilento (em época baixa). Também classificado (algo generosamente) de 4 estrelas, o hotel fica a cem metros de uma longa praia (um plano B sempre disponível ao critério de cada um…).
Regime de meia pensão. Possibilidade de adquirir almoços tipo picnic (caros…) no hotel.
Preço – 1.090,00€
O preço inclui – Transporte aéreo Lisboa-Roma-Lisboa em classe económica em voos TAP; Taxas de aeroporto e combustível no montante previsto à data da orçamentação da actividade; Transporte terrestre em autocarro de acordo com o programa; Alojamento de 1 noite perto de Caserta e de 7 noites em Marina di Ascea, em hotel de 4 estrelas (normas locais) em quarto duplo; Regime de meia pensão; Guias voluntários da FIE durante os percursos pedestres; Guia turístico de língua inglesa ou francesa durante as visitas ao Vesúvio e a Pompeia; todas as entradas referidas no programa (num total estimado de 75€ p/pessoa); Seguro de acidentes pessoal e assistência em viagem; a Inscrição no encontro.
O preço não inclui – Almoços; Tudo o que não foi referido anteriormente.
Suplemento para quarto individual – 200,00€.
Plano de Pagamentos – 160,00€ em janeiro; nos meses de fevereiro a julho 155,00€ / mês.
Inscrições – Na sede do CAAL, no dia 3 de janeiro de 2013, quinta, das 18h00 às 20h00. Inscrições limitadas.
ATENÇÃO – Muito Importante
Por obrigações contratuais o Clube terá de abrir mão das reservas excedentárias logo após o dia das inscrições, não estando portanto em condições de garantir vagas na actividade para além dessa data, mesmo que a capacidade inicialmente disponível não se esgote.
Por esse motivo os sócios interessados em participar devem realizar sem falta a sua inscrição na altura indicada.
No seguimento das duas excelentes actividades realizadas em 2010, o clube vai em breve regressar a Itália!
Desta vez iremos muito mais para sul, rumo às bem preservadas costas meridionais do Tirreno, onde a montanha desce até ao mar e sucessivas civilizações deixaram um legado patrimonial de excepção.
Será lançada no próximo mês uma actividade intitulada "Caminhos do Mediterrâneo" que irá decorrer de 18 a 26 de Maio de 2013.
O território a explorar será fundamentalmente o Parque Nacional do Cilento, património da humanidade (UNESCO), na região do Golfo de Policastro.
No programa também irão surgir nomes como o Vesúvio, Nápoles, Pompeia, Paestum, Roccagloriosa e Caserta.
Muita natureza em conjugação com uma marcada componente histórico-cultural, sobretudo ao nível da antiguidade clássica, numa iniciativa da federação italiana FIE, sob a égide da nossa federação europeia ERA.
Contamos com a vossa adesão!
Os detalhes da actividade serão divulgados durante o mês de Novembro.
Até lá, porém, para ser possível reservar alojamento em número adequado, solicitamos aos nossos sócios potencialmente interessados na actividade que durante a próxima semana nos dêem a conhecer, sem compromisso, o seu interesse.