‘Barrancu’ - não é ponto de passagem, é lugar de chegada
2024-10-25 - 2024-10-27 (Sexta-feira - Domingo)
…Barrancos, nos confins da raia com Espanha, permanece distante, ainda que naturalmente aberta aos sopros da modernidade.
Esse isolamento, em tempos idos muito mais marcante, moldou a sua identidade. Do outro lado da fronteira a vila de Encinasola, sua companheira de isolamento, com quem construiu, através do tempo, relações intensas, se bem que contraditórias: ora representavam o inimigo, a reboque de determinações do longínquo poder central em períodos de guerra, ora teciam e reforçavam estreitos laços de solidariedade, partilhando recursos e comungando destinos, na vida e na morte. E momentos houve em que esse sentimento de partilha foi vivido com extrema intensidade e coragem, como sucedeu durante a sangrenta Guerra Civil de Espanha, servindo Barrancos de porta de entrada e território de acolhimento a inúmeras famílias que fugiam da repressão e da perseguição franquista, ou, quando, no rescaldo desta e após a II Guerra Mundial, para vencer a miséria, se galgava a fronteira, pela calada da noite, e se arriscava a vida por uma mochila de contrabando.” (Barrancos - História e Lendas - Câmara Municipal de Barrancos)
Como resultado deste isolamento e proximidade, consolida-se uma cultura muito própria, sendo exemplo disso o seu dialeto, a sua arquitetura, as suas festas, etc.
O dialeto barranquenho é, desde 2008, ‘Património Cultural Imaterial de Interesse Municipal’ e é, desde 2021, objeto de reconhecimento oficial e proteção pela Lei n.º 97/2021 da Assembleia da República. Atualmente a Câmara Municipal de Barrancos está a desenvolver um projeto de investigação e valorização do barranquenho como língua e cultura locais, de forma a tornar o barranquenho a terceira língua oficial de Portugal.
Não só de factos históricos é rica esta zona. Tem também uma grande riqueza natural. ‘Para além do montado de azinho e de vastas áreas de esteval, salienta-se a presença de espécies vegetais associadas a ambientes ribeirinhos de regime torrencial, como o aloendro, o sandim e ainda o junco e o junquilho. Em termos faunísticos, destaque para a toutinegra-carrasqueira, o pardal-francês, o picanço-real, a águia-cobreira, a cegonha-preta, o guarda-rios, o toirão, a lontra, o javali, o cágado-de-carapaça-estriada, a osga-turca, o sapo-corredor e a salamandra-de-costelas-salientes. De salientar ainda a presença do saramugo, um pequeno peixe endémico da Península Ibérica, adstrito à bacia hidrográfica do Guadiana’. (Portugal - 30 itinerários a pé. De Manuel e Jorge Nunes).
Noudar faz também parte do programa de reintrodução do lince-ibérico.
Programa para o fim de semana: No dia 25, sexta, à chegada a Barrancos (ponto de encontro), e antes de irmos para o nosso alojamento, vamos jantar no Restaurante Agarrocha, à entrada de Barrancos. O jantar é opcional (vamos ter oportunidade de apreciar alguns petiscos típicos desta região), mas é um bom pretexto para começarmos o nosso fim de semana. (Este jantar não está incluído no preço da atividade.)
No acto da inscrição é importante informar se querem participar neste jantar de sexta feira, para podermos confirmar a marcação. Findo o jantar, dirigimo-nos ao nosso alojamento na
Herdade da Coitadinha.
Alojamento: Casa do Monte e Casa da Malta, ambas na Herdade da Coitadinha (Parque de Natureza de Noudar) onde vamos ter 3 tipos de quarto:
Casa do Monte:
- tipo A - quarto duplo com casa de banho privativa, ar condicionado e pequeno almoço incluído.
Casa da Malta:
- tipo B - quarto com 2 camas, casa de banho privativa e pequeno almoço incluído.
- tipo C - quarto para 5 pessoas com casa de banho fora do quarto e pequeno almoço incluído.
Características dos percursos: O GDAO (Grupo de Dinamização de Actividades de Orientação) esteve nestas paragens em 2012 e, como é seu apanágio, leva os mapas (Cartas Militares de Portugal - 503, 504 e 515) e a lição bem estudada.
Com uma paisagem deslumbrante, e atentos à possibilidade do aparecimento de algum exemplar típico da fauna local, propomo-nos percorrer os caminhos que outrora o povo desta região utilizava nas trocas comerciais clandestinas com nuestros hermanos, vulgo contrabando, vindos de Oliva de la Frontera.
Vamos visitar o castelo de Noudar, fazer os trilhos que nos podem levar à ribeira da Murtega ou ao rio Ardila e descobrir o local onde se instalaram quase 800 refugiados republicanos.
Os percursos são circulares com início e fim na Herdade da Coitadinha, onde vamos ficar alojados.
No dia 26, sábado, o dia será mais longo, sendo possível dividir o grupo em função das características do terreno e da vontade dos participantes.
Com partida às 9h30, talvez acompanhados por alguns habitantes da região, atentos à divulgação pela Câmara de Barrancos, e regresso cerca das 16h00.
E, como existe uma cozinha totalmente equipada, poderemos fazer um jantar de grupo com o que cada um levar, proporcionando um agradável convívio.
A seguir ao jantar, alguns companheiros irão falar-nos sobre o barranquenho e contar histórias/lendas desta zona e da raia em geral.
No dia 27, domingo, partimos novamente às 9h30, com o regresso por volta da hora do almoço, pois temos a viagem para Lisboa.
Recomendações:
Usar bom calçado de marcha, devido aos desníveis e à natureza de alguns trilhos. Trazer farnel e água é recomendado.
Partida: Saída de Lisboa na sexta, dia 25, à tarde (hora a combinar). Como vamos em viatura própria, agradecemos que, no acto da inscrição, nos informem se têm transporte e se podem disponibilizar lugares para outros companheiros, que partilharão as despesas, ou se vão necessitar de boleia. Regresso a Lisboa no domingo, dia 27 de outubro.
Preços:
alojamento tipo A - 111€
alojamento tipo B - 96€
alojamento tipo C - 81€
Os preços incluem o alojamento (2 noites) com pequeno almoço, seguro e a organização da actividade.
No acto da inscrição os companheiros devem comunicar que tipo de alojamento pretendem.
Os primeiros que se inscreverem têm possibilidade de escolher o alojamento que mais lhe convém.
Inscrição na sede do CAAL (o mais breve possível para garantirmos o alojamento).