22 a 30 de Julho de 2006 - 2/3 botas.
Uma semana na ilha das fajãs + Subida ao Pico + Visita às cidades de Angra e Horta.
No final do milénio passado diferentes sócios(as) açoreanos(as) do CAAL organizaram duas notáveis actividades no arquipélago, ambas obedecendo a uma lógica de périplo multi-ilhas, com itinerários complementares. Tal critério permitiu aos participantes obter uma boa visão geral do arquipélago e dos seus percursos mais emblemáticos - ao visitar oito das nove ilhas - mas, como seria inevitável, não estava vocacionado para uma exploração detalhada de cada uma delas.
Seis anos volvidos sobre a última presença do clube no extremo ocidente de Portugal, considerou a sua presidência ser tempo de desafiar um outro sócio açoreano a organizar nova actividade nas ilhas azuis. Em face do referido, o visado entendeu por bem que a nova proposta - que agora vos é apresentada - devia assentar numa lógica diferente: uma actividade centrada numa só ilha (embora admitindo incursões), de modo a permitir uma abordagem mais completa da respectiva riqueza e diversidade, quem sabe se assim dando início a um novo ciclo de explorações insulanas.
A escolhida foi São Jorge, a ilha das fajãs. Decisão em causa própria? Sem dúvida. Mas independentemente do natural gosto que cada um tem em mostrar a sua terra, São Jorge possui características únicas que justificam amplamente a escolha.
Situada à margem das rotas do turismo de massas que vai tomando de assalto outra(s) ilha(s) do arquipélago, a ilha de Wilhelm van der Haagen (cerca de 25% da população actual descende directamente da família deste flamengo que um dia ousou trocar Bruges por uma ilha deserta e bravia, tornando-se Guilherme da Silveira), é vincadamente sui generis. De forma muito alongada, é de longe a mais escarpada dos Açores, lembrando o dorso de um réptil semi-submerso - por isso há quem lhe chame ‘ilha do dragão’. Diz a ciência que ambas as suas costas são fracturas geológicas verticais. O seu movimento gerou autênticas ‘paredes’ de 300 a 400m de altura média - pontualmente passando os 600m - constituindo únicas excepções os locais da costa sul em que alguma escoada de lava mais recente logrou suavizar os declives.
Qualquer parede, para mais numa região fortemente sísmica e com invernos chuvosos, acaba por esboroar. Na base destas escarpas formaram-se assim múltiplas pequenas plataformas de terrenos quase planos, espectacularmente entalados entre basalto e mar. Junte-se um microclima tropical que acolhe uma flora luxuriante, que acolhe uma avifauna diurna e nocturna pouco dada à timidez; acrescente-se muita água fresca a cascatear das alturas, total sossego e ainda a férrea obstinação humana em tirar partido da fertilidade do solo, nem que para tal fosse necessário conceber trilhos delirantes. O resultado desta improvável receita chama-se fajã. São Jorge é o seu compêndio. Um espaço singular para o pedestrianista, por vezes exigente mas sempre recompensador. Um encontro a não perder.
Pelo referido se conclui que, sendo uma actividade ‘de férias’, esta não será uma actividade soft. Estaremos longe dos cenários bucólicos das emblemáticas grandes lagoas micaelenses. São Jorge é mais áspera e mais vertical. Apenas as Flores lhe podem disputar o título de ilha mais selvagem dos Açores. Tal não obsta a que seja uma ilha permanentemente florida. Cada mês tem sua flor, mas destacam-se as hortênsias. Muitas hortênsias. Hortênsias numa quantidade e exuberância apenas com paralelo no Faial, formando compactas sebes usadas - como se fossem muros - na delimitação das pastagens que suportam o melhor queijo de vaca de Portugal. E, claro, as hortênsias florescem em Julho...
Também o mar será um elemento fundamental nesta actividade. Sendo um paraíso sazonal para os amantes da natureza submarina e dos desportos aquáticos, o mar açoreano será para nós local de retempero após o esforço, e ponto de vista privilegiado para admirar a grandiosidade do litoral da ilha. Todas as actividades terão direito a mergulho no (ou perto do) final. Na ausência de verdadeiras praias, São Jorge providenciará banhos nas características ‘poças’, em ‘calhaus’, em piscinas oceânicas, em portinhos, em cascatas, em grutas e - tinha de ser - na celebrada caldeira. Um ‘must’do programa são duas espectaculares ‘expedições’ náuticas - algo feito por muito poucos forasteiros - uma em cada costa da ilha; uma delas com um suave cheirinho a aventura...
Como em qualquer actividade do CAAL, o património não será esquecido. Assim, aproveitaremos a necessária paragem na ilha Terceira para uma visita guiada a Angra, terra desde muito cedo classificada Património da Humanidade pela UNESCO; a primeira das cidades europeias fora da Europa e a primeira cidade renascentista de Portugal; terra de palácios e casarões coloniais, esplêndido legado dos tempos em que era escala obrigatória no regresso das naus; Angra dita do Heroísmo pela tenaz resistência das suas gentes ante filipes e miguéis; agora já renascida dos escombros do grande terramoto de 1980, mas cada vez mais sob a ameaça da gananciosa insensatez humana.
No Pico será a tradição baleeira a merecer destaque.
E, no Faial, também algo da Horta - cidade que deve o seu nome a outro destemido pioneiro flamengo, Jos van Huerter, sendo, salvo melhor opinião, a mais aprazível do arquipélago - poderá ser livremente explorada. Quanto mais não seja o consagrado binómio Gin + Porto Pim. Se alguém preferir (por sua conta) xingar cachalotes, também se arranja…
Naturalmente o melhor do património construído de São Jorge - com destaque para Santa Bárbara, monumento nacional, a mais rica igreja das ilhas flândricas, senão da totalidade dos Açores - merecerá atenção, bem como as respectivas actividades económicas fundamentais.
Especial atenção foi dada à gastronomia. Assim os jantares jorgenses estão incluídos no preço da viagem, pois em geral vão ter lugar nas próprias fajãs, por vezes fora do circuito comercial, sempre que possível ao ar livre, sempre focalizados nas especialidades locais.
Falámos de fajãs, hortênsias, aves, mar, mergulhos sortidos, património, gastronomia. Falta referir a cereja que coroa este bolo. Montanha! E logo a mais alta de Portugal! Embora tratando-se de uma actividade em São Jorge, seria impensável ignorá-la quando todos os dias a sentiremos ali à mão, do outro lado do canal; e todas as madrugadas se abrirão tendas, cabeças espreitando, na esperança de nesse dia ela se dignar apresentar despida, em todo o seu esplendor (o que não é um dado adquirido), proporcionando então uma paisagem única em todo o hemisfério, como se o Fujyama estivesse de passagem pelo Atlântico, pois apenas quando vistos de São Jorge é que os 2351m do Pico assumem a sua forma de cone vulcânico perfeito. Como é tradicional passaremos a noite na sua cratera, num fresco bivaque a 2200m de altitude, sob um céu tão estrelado que convida à vigília; para subir o cume final ainda de frontal aceso, em demanda de auroras panorâmicas.
Alojamento - No Parque de Campismo da Urzelina. Por perto há todos os apoios fundamentais. Alternativas por conta própria nos Apartamentos Urzelina Férias, da Junta de Freguesia -tel. 295 414 504 (existem 3 duplos e 2 quádruplos), ou num apartamento quádruplo particular -tel. 295 414 842 (Dona Isabel Amaral). Os interessados devem reservar com urgência, pois a procura é grande e a organização não assegurará transportes para fora da Urzelina.
Cartografia - Folhas 11, 15, 16, 17, 18 e 20 da Carta 1/25000 dos Açores, do IGE.
Ligações e expedições marítimas - Os famigerados ‘cruzeiros’ pertencem ao passado. Hoje as ligações são efectuadas por catamarans muito mais rápidos e estáveis. Ser mau marinheiro já não é motivo para ficar em Lisboa. Quanto às ‘expedições’ costeiras - asseguradas por um operador profissional - é ainda mais simples: se não estiver bom mar, não se podem fazer.
Meteorologia - A subida ao Pico só é viável com bom tempo. Se na data prevista tal não se verificar, as trocas decorrentes poderão acarretar alguma improvisação. Também a acessibilidade a São Jorge nunca é um dado adquirido. Será prudente não assumir compromissos inadiáveis em Lisboa para o dia 31 de Julho. Para condições normais tragam protector solar e a camada impermeável....
Neutralizações e encurtamentos - De modo a que este programa seja acessível à larga maioria dos sócios do CAAL, nas duas actividades mais duras de São Jorge - 2ª e 5ª feira - há possibilidade de encurtar as subidas. Como os finais são sempre a descer não estão previstas neutralizações.
Subida ao Pico - É uma ladeira contínua com 1000 m de desnível e ‘apenas’ isso. Havendo motivação, alguma perseverança e juízo no carrego da mochila, qualquer sócio de ‘duas botas e meia’ será capaz de a fazer.
Material recomendado para o bivaque na cratera – Basta levar um segundo saco cama com temperatura de conforto de 0º C (tão leve quanto possível); colchonete e um saco de lixo de 100 litros para um eventual aguaceiro. Obviamente quem possuir material ‘sofisticado’ como saco de bivaque ou tenda ultra-leve de expedição deverá levá-lo, mas não tragam tendas comuns para a montanha! Agasalho para 0º C. Manta de sobrevivência obrigatória. Frontal. Bastões para a descida.
Recomendação - É fundamental trazer calçado próprio para banho (tipo sandália de plástico ou calçado de surf). Convém sair de Lisboa com pouca bagagem de mão (visita a Angra). Levar cadeado para a tenda (subida ao Pico).
Inscrições - Na sede do CAAL, no dia 14 de Março, das 18h00 às 21h00, e decorrerão até ao limite das inscrições ou data a anunciar. Só poderão ser efectuadas mediante a presença de um sócio activo na sede, o qual, para além de si próprio e do respectivo agregado familiar, poderá inscrever um outro sócio também no activo.
Preço - 780,00 € (sujeito a alteração de taxas)
DATA |
VALOR |
|
1ª prestação |
14 de Março |
130 € |
2ª prestação |
01 de Abril |
130 € |
3ª prestação |
01 de Maio |
130 € |
4ª prestação |
01 de Junho |
130 € |
5ª prestação |
01 de Julho |
130 € |
6ª prestação |
01 de Agosto |
130 € |
O pagamento em mensalidades tem que ser feito por cheques pré-datados entregues no CAAL obrigatoriamente no acto da inscrição.
Devido a compromissos assumidos, o montante pago na data de desistência só se recuperará se a vaga for ocupada por outro sócio. Por esse facto, aconselham-se os sócios eventualmente interessados a efectuar particularmente um seguro de desistência.
O preço inclui - Passagem aérea Lisboa - São Jorge - Lisboa e suas taxas; autocarros de acordo com o programa; guia na visita a Angra; passagens marítimas Velas-Cais do Pico, Madalena-Horta e Horta-Velas; parque de campismo; 7 jantares, sendo um deles de despedida e dois deles com bebidas incluídas; 2 percursos de barco pelas costas de São Jorge, com enquadramento profissional; as visitas referidas no programa; guias locais na subida ao Pico; seguro de viagem.
Não inclui - Pequenos-almoços, almoços, o ‘jantar’ da cratera do Pico, as bebidas (excepto as referidas) e demais despesas pessoais.