Noite de Mistério e Cultura Popular

2007-01-26 (Sexta-feira)

Museu Maçónico e Fado

26 de Janeiro - Sexta - 1/2 bota.

Trata-se de uma viagem para quem gosta de cultura, numa zona meia cinza para o profano, que parece até marginal, mas que espanta e muito quando se desvenda a sua invulgar amplitude e influência. Visitaremos o Templo "Gomes Freire de Andrade", Marechal-de-Campo e Grão Mestre do Grande Oriente Lusitano de 1815 a 1817.

Acabado o serão, confinado às especulações e ao entendimento de diferentes paradigmas, com o cérebro a escaldar, vamos então, como diria o nosso velho e querido Eça,"diluir o rigor da filosofia", com Fados e Cozinha Portuguesa.

Do Bairro Alto, como bons caminheiros, vamos rumar ao restaurante "Os Ferreiras" junto ao Instituto de Medicina Legal, e lá encontraremos o justo aconchego.

Menu: entradas - melão com presunto, queijos, pastéis de bacalhau e rissóis de camarão;prato - bacalhau à lagareiro com batatas a murro; sobremesa - doce ou fruta; bebidas - vinhos brancos,tintos ou verdes,água ou cerveja,e refrigerantes para os desalinhados;café. A noite será preenchida com fado tipo vadio, cantadores e cantadeiras que estão fora do circuito comercial.


Sequência horária: Dia 26 de Janeiro, às 17h50 à porta do Palácio Maçónico na Rua do Grémio Lusitano, nº 25; 20h00, rumo ao restaurante; 21h00 início do repasto; às 22h30 início da sessão fadista até (limite) às 2h30.

O preço (38,00€), inclui entrada no Museu e jantar com fados.

Actividade limitada a 30 pessoas por falta de capacidade do Museu.

A Maçonaria Moderna

Em 1721, o pastor James Anderson, foi encarregado de examinar, corrigir e ordenar, a história, as obrigações e os regulamentos da antiga confraria "dos pedreiros ingleses" e redigiu no final um texto designado pelas "Constituições de Anderson", que foi aprovado em 1722 pela Grande Loja de Londres.

Com o referido texto nasceu a Maçonaria moderna ou especulativa e os seus membros ficaram conhecidos na época pelos "pedreiros livres".

Em resumo, das antigas confrarias que construíram palácios, templos e catedrais, trabalhando com saber secreto a pedra, aproveitou-se a sua estrutura hierárquica "apendizes, companheiros e mestres", utilizou-se os apertados regulamentos onde, de forma geracional, se transmitia o conhecimento, recorreu-se na procura das origens, especulativamente, a formas simbólicas e mitológicas com fortes contributos Biblicos, Templários e Rosacruzianos e passou-se a confrarias sofisticadas, filosóficas, onde se trabalha o carácter do neófito e se aperfeiçoa sem limite o espírito do iniciado - trabalhar da pedra bruta à pedra polida - para a construção do Templo Interior.

A transformação correspondeu por impulso do Renascentismo e do Racionalismo à formação de uma massa crítica constituída pela aristocracia e clero esclarecidos e burguesia que reclamava posições de poder.

É curioso o facto de todos os antigos Maçons usarem espada à cinta nas suas sessões rituais. Só os nobres em Inglaterra podiam usar espada, e o facto do seu uso não ser restringido nas sessões conferiam um estatuto de plena igualdade a todos os membros de uma loja maçónica.

A primeira loja conhecida em Portugal foi fundada por comerciantes ingleses em 1727 e consta nos registos da Inquisição com o nome de "hereges mercadores", por serem protestantes quase todos os seus membros.

A difusão não mais parou, sobretudo de lojas com membros portugueses, católicos, tendo a governação do Marquês de Pombal, dado um impulso decisivo ao neutralizar a Inquisição.

O Grande Oriente Lusitano (GOL), de influência liberal Francesa, que adoptou a proclamação "liberdade, igualdade e fraternidade" foi fundado em 1802 e esteve nas origens da Revolução Liberal de 1820 e da revolução da República de 1910.

O Palácio Maçónico, onde se encontra o GOL, foi comprado pelo Grémio Lusitano em 1879 ao pai do maçon e político José Relvas por 14.000$00 reis; o Museu Maçónico ocupa quatro salas do introspectivo palácio, sendo um museu de pequenas dimensões, possui uma enorme riqueza em documentos, artefactos, paramentos e símbolos, que contam dois séculos da história de Portugal. Conduzidos pelo seu Curador e Historiador Dr. António Lopes, teremos oportunidade de viajar no interior de uma instituição que esteve na origem de muitos dos grandes acontecimentos fracturantes da história universal.

É fascinante surpreender as figuras ligadas ao pensamento Maçónico, determinantes, nas reformas e avanços da educação, da administração e da ciência.

Trata-se de uma viagem para quem gosta de cultura, numa zona meia cinza para o profano, que parece até marginal, mas que espanta e muito quando se desvenda a sua invulgar amplitude e influência.

Com sorte, pois o Palácio está a ser objecto de um profundo restauro, visitaremos o Templo "Gomes Freire de Andrade", Marechal-de-Campo e Grão Mestre do Grande Oriente Lusitano de 1815 a 1817.